O cinema brasileiro teve como ponto de partida a sua primeira sessão, que foi realizada no Rio de Janeiro, em 1896. As primeiras filmagens remontam a 1897 e 1898, e as primeiras produções com histórias fictícias remontam ao começo do século XX. O Cinema Novo e o Cinema Marginal foram duas importantes correntes do cinema nacional.
Chegada do cinema ao Brasil
O cinema surgiu no final do século XX e esse feito é atribuído a Auguste e Louis, mais conhecidos como irmãos Lumière. Em 1895 eles inventaram um aparelho, chamado cinematógrafo, que tornou possível a reprodução de pequenas filmagens em telas. Esse feito permitiu que salas de cinema fossem construídas em todo o continente europeu.
Essa invenção chegou ao Brasil poucos meses depois da primeira demonstração pública do funcionamento de um cinematógrafo. Em 8 de julho de 1896, a primeira sessão de cinema foi realizada aqui no Brasil. Essa sessão aconteceu na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, exibindo pequenos filmetes que traziam filmagens de cidades europeias.
Esse foi o ponto de partida do cinema aqui no Brasil e, uma vez que essa novidade chegou aqui, as primeiras filmagens começaram a ser realizadas. Para isso, eram necessárias filmadoras, e as primeiras do tipo também chegaram ao nosso país na década de 1890. As primeiras filmagens realizadas no Brasil foram feitas por Vittorio di Maio, Afonso Segreto e José Roberto Cunha Salles.
Atualmente, considera-se que o primeiro filme gravado no Brasil foi Chegada do Trem em Petrópolis, de 1897. Esse filme supostamente grava uma estação, em Petrópolis, de um trem que carregava o presidente Prudente de Morais. Muitos questionam a legitimidade dessa filmagem, alegando que ela pode não ter sido gravada aqui, mas na Europa.
Outra filmagem muito importante foi realizada por Afonso Segreto quando ele retornava de viagem da Europa em 1898. Afonso Segreto era o responsável pela aquisição de filmes para exibição em um cinema do Rio de Janeiro. Em uma dessas viagens, ele trouxe uma filmadora ao Brasil e, quando chegou, gravou Uma Vista da Baía de Guanabara.
Essa filmagem aconteceu em 19 de junho de 1898 e é por conta dela a data do Dia do Cinema Brasileiro, data comemorativa em homenagem ao cinema nacional que é celebrada em 19 de junho. Entretanto, nenhuma cópia desse filme foi preservada, o que faz com que a existência desse filme seja questionada.
Os primeiros filmes produzidos aqui no Brasil eram pequenos documentários que retratavam cenas do cotidiano. A partir do século XX, o cinema começou a se popularizar e diversas salas de cinema fixo começaram a ser construídas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Além dos locais de exibição terem se popularizado, as produções também começaram a prosperar.
Eram produções de orçamento baixo e de qualidade técnica incipiente, mas, mesmo assim, as primeiras produções com histórias de ficção foram produzidas. Essas produções eram principalmente obras de comédia, embora também houvesse produções dramáticas. Entre os filmes produzidos, houve obras que tiveram mais de 800 exibições, um número muito expressivo para a época.
A partir de 1909, um pequeno fenômeno se estabeleceu nas salas de cinema do Brasil: os filmes cantados. Nessa época os filmes eram mudos e os donos de salas de cinema, pensando em tornar seu negócio mais atrativo, passaram a contratar atores e cantores para dublar os filmes ao vivo. Essa prática atraiu pessoas para os cinemas de São Paulo e Rio de Janeiro.
A partir da década de 1910, o cinema nacional começou a sofrer com a concorrência do cinema estrangeiro, sobretudo dos filmes produzidos em Hollywood. A invasão dos filmes estrangeiros no cinema nacional se acentuou depois da Primeira Guerra Mundial, quando os Estados Unidos passaram por um forte crescimento econômico.
A partir da década de 1930, a entrada de filmes norte-americanos foi facilitada pelo governo e os cinemas nacionais passaram a priorizar produções estrangeiras, embora o governo ainda explorasse o cinema para transmitir os telejornais, pequenos jornais passados nos cinemas que traziam o noticiário do governo.
Apesar da forte influência do cinema estrangeiro, o cinema brasileiro ganhou novo fôlego na década de 1930. Exatamente nesse ano surgiu uma produtora de filmes chamada Cinédia, que passou a produzir algumas obras que deram origem a um gênero conhecido como chanchadas. Esse gênero viveu seu auge nas décadas de 1940 e 1950 e perdeu força na década de 1960.
As chanchadas eram produções fílmicas que exploravam temas da cultura popular, especialmente o Carnaval, e traziam enredos dramáticos e humorísticos que possuíam musicais. Nesse gênero uma figura se estabeleceu como um dos grandes nomes da cultura brasileira: Carmen Miranda. Ela participou de filmes como Alô, Alô, Brasil e Alô, Alô, Carnaval.
Cinema Novo
A partir do final da década de 1950, uma corrente cinematográfica se estabeleceu em nosso país e se tornou uma das mais importantes de nosso cinema: o Cinema Novo. Essa corrente era altamente politizada e realizava críticas ao estado do cinema brasileiro, fortemente influenciado pelo cinema norte-americano.
Além disso, as produções do Cinema Novo procuravam denunciar a pobreza da população brasileira, criticando gargalos de nossa sociedade, como a desigualdade. As obras do Cinema Novo também se conectavam com ideias que procuravam promover a defesa da classe trabalhadora e toda a denúncia que essa corrente fez da situação do país ficou conhecida como “estética da fome”.
Com o início da Ditadura Militar, as obras do Cinema Novo foram alvo da censura e os militares procuraram investir em obras não politizadas. A censura do período permitiu que as pornochanchadas se tornassem o principal gênero do cinema nacional. Esse gênero misturava obras dramáticas com cenas humorísticas e eróticas.
Outra corrente que foi fortemente influenciada pelo contexto da ditadura foi o Cinema Marginal ou Udigrúdi. Dentro dessa corrente havia filmes de diferentes gêneros e ela reforçava algumas das características do Cinema Novo, como a denúncia das desigualdades sociais de nosso país. Grande parte das obras dessa corrente foi barrada pela censura.
Grandes filmes do cinema nacional
O cinema brasileiro possui inúmeras produções que são reconhecidas internacionalmente. Dentre os grandes filmes do cinema brasileiro, destacamos cinco produções:
- Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964);
- Cidade de Deus (2002);
- O Pagador de Promessas (1962);
- Central do Brasil (1998);
- Bang Bang (1971).